domingo, 24 de junho de 2012

Mu Point

Certas coisas na vida da gente são simplesmente impossíveis de se resolver. Sempre vai haver um vizinho chato, você morando num prédio, numa casa, debaixo da ponte, no vão do Masp. Sempre vai ter aquele mala que cuida da sua vida e puxa papo quando você tá apertado pra ir ao banheiro. Não adianta esbravejar com os céus. Há de ter sempre alguém da NET te ligando e pedindo pra falar com algum defunto da família; aquela pessoa que anda bem devagar, meio distraída, e que do nada pára na sua frente, quando você está mais com pressa na vida. Vai existir aquele trolha que pega errado na sua garrafa e deixa congelar sua cerveja, e aquele imbecil que ouve o celular no viva voz porque ele é vida loka.

Para essas coisas não existe solução. Você engole, aceita ou compra uma HK e prepara seu exclusivo Dia de Fúria deluxe.

Mas deixando de lado os idiotas que os outros são, vamos pensar nos maiores idiotas que conhecemos: nós. Olá, meu nome é Carolina, e eu sou uma imbecil. Eu cometo erros em replay, e reclamo, e discuto e vou lá e cometo de novo. Sou uma babaca. Eu ajudo as pessoas erradas e reclamo da vida injusta. Eu vejo a Carminha na novela e penso "por que não eu, Deus?". E de nada adianta ficar remoendo sentimentos de auto-piedade se, no fundo, você não quer que as coisas mudem. Um esforço em vão, uma vontade passageira, uma modinha, um debate que não leva a lugar nenhum. Ladies and gentlemen, um fucking MU POINT, como um dia filosofou Joey Tribbiani.



É um Mu Point você aí, amiga, ficar reclamando dos caras babacas que você pega. Quem tá pegando é você! Se for pra continuar, para de reclamar! E você, brother, que fala tanto de menina vagabunda, mas parece que curte ir atrás de chave de cadeia, de menina que te bota pra grupo, que te chifra e te faz de trouxa. Vai reclamar com a mãe, amor! Mas de nada vai adiantar encher a velha de blábláblá se for pra ir babando atrás da primeira periguete que aparecer na sua frente. O seu chefe é babaca e seu emprego é uma bosta. Adianta ficar jogando isso pro universo se você não largar, não fizer algo pra mudar? NÃO, CARA! Não adianta nada. É como a opinião de uma vaca, não significa nada... é mu, né, Joey?

Nossa vida é cheia de mu points, nós somos grandes vacas falando inutilidades todo dia pra todo mundo. A gente curte ser assim, pastar, pastar e pastar... é o nosso destino, até que provem o contrário - ou até que deixemos de ser vacas (ou touros, né, cara) e mudemos o jogo! Por ora, é isso...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

insANA

Eu tenho uma amiga cuja identidade eu vou deixar preservada aqui nesta postagem (a imagem acima é dela, e a tarja é para não revelar quem é). A gente se conhece há alguns anos, e com o passar do tempo eu notei que ela tem uma personalidade muito peculiar. Nós nos damos bem, mas brigamos umas 18 vezes por dia, sempre por algo extremamente estúpido. Na boa, é muito idiotice. Algo inocente que começa com um mero "nossa, parece que vai chover", por alguma espécie de magia negra acaba com algo tipo "vai tomar no cu, depois não sabe por que tá desempregada".

E sim, nós CONTINUAMOS amigas. Esse é o mistério. Nego já me acordou no tapa, e eu já apontei o dedo na cara dela e falei coisas de um jeito que eu jamais fiz antes! Muitas vezes eu penso que a gente vai acabar se matando, numa coisa meio duelo de faroeste, dando 5 passos pra frente e virando para apertar o gatilho. Ou então estilo Clube da Luta - se pá a gente é a mesma pessoa e no final de tudo a gente explode a cidade. Vai saber! Só sei que a base gardenal da amizade já está se esgotando.

Quantas vezes nós estávamos ali, vivendo pacificamente, dando risada, sendo jovens, adorando a Cristo e DO NADA ela ficava puta. Ih, rapaz. Aí ela ria histericamente, tossia, ria mais um pouco, ficava num vermelhaço, respirava fundo, suspirava e continuava a vida. Saca o Jack Nicholson em "O Iluminado"? Muitas vezes eu temo que ela vá aparecer com um machado na mão gritando "HERE'S JOHNNY!" e acabando com a minha vida. Porém, preciso ser justa: sou parcialmente responsável por essa bipolaridade. Eu sou meio que o capeta. Eu provoco, provoco, provoco, dou um tempo, provoco um pouco mais e saio correndo. Mas é porque é MUITO legal. Talvez eu tenha algum tipo de probleminha também... talvez. E no fundo eu acho que sem essa insanidade toda as coisas não seriam tão legais assim.

A vida ia ser chata se nego nunca tivesse gritado comigo na rua porque eu sumi e nem deixei dinheiro pro táxi. Ou talvez tudo seria meio monótono se não tivesse uma pessoa maluca pra morder o meu braço só pra me fazer esquecer de uma dor no estômago. E imagina só como as minhas histórias seriam chatas para meus netos, se eu não pudesse falar sobre o dia em que a amiga da vovó atropelou ela dando ré no carro, enfiou o guarda-chuva no seu olho ou então bateu com um stick de frango na cara dela durante um jogo do Brasil na Copa.

É, realmente, tomara que continue assim.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Malandragem, dá um tempo!

Em minha primeira semana de aula na Cásper eu não sabia quem era Aloysio Biondi. Hoje eu sei. Na época fui duramente julgada por um colega por não saber quem era o falecido. E daí? No meu primeiro ano de faculdade eu achava a Veja uma revista normal, não do mal. As pessoas ao meu redor, na sala de aula, pareciam ser especialistas no assunto "jornalismo perverso de direita" enquanto eu curtia a seção de aspas. E daí? Eu sempre usei camisetas de times de futebol, sempre admirei o esporte, sempre torci muito pelo meu time e vi muito da história acontecer diante dos meus olhos, mas eu não sei a escalação da Seleção de 1970 de cor, nem lembro muitos dos resultados do Ajax da mesma década - e mesmo assim curtia jogar com os dois no FIFA. E daí?

Eu gosto muito de algumas músicas do Chico Buarque. Mas eu não gosto de Chico Buarque no geral. Não sou fã, não o acho galã e nem chamo de Chico. E daí? Gosto de Latino, quero muito tchu e muito tchá e não nego um lêlêlê e um pagodjé! Mas fui criada com João Bosco, Etta James, Marisa Monte, Nelson Gonçalves e muitos outros. E daí se eu acho a vida cruel demais para não fechar os olhos, bater no peito e gritar "só quero ouvir você dizer que sim!"? Eu sei que tem CPI, que tem abuso, crime, eu sei que tem problema econômico. Sei de tudo isso, e muito. Não é só porque eu sou jornalista que devo ser séria, preocupada, super sensata e consciente de tudo o tempo todo.

Não é porque nego não é cult ou porque é demais que o mundo vai acabar. O fato de eu curtir ver um tumblr em que um bulldog manda mensagens para o seu dono não faz de mim uma profissional ruim ou uma pessoa inferior. Era só o que me faltava. Se até Evaristo e Sandrinha fazem piada, eu não posso fazer? Nas últimas vezes que eu cheguei perto de conseguir um emprego, tive que ouvir que eu sou muito "legal" ou que tenho um "estilo" mais "despojado" para certos tipos de função. A princípio curti que as pessoas andavam sendo sinceras logo de cara, depois pensei que talvez isso fosse um toque do tipo "amiga, manda CV pro Comédia MTV" e até duvidei dos meus dotes jornalísticos. Mas aí eu pensei: e daí? Que volte o jornalismo gonzo, que aí não vai faltar emprego pra mim, e pra muitos outros como eu.

Tenho preguiça de falsa postura séria, decidida e hiper profissional. Me deixa fazer a minha piada, dançar meu tche tchererê tchetchê, assistir mais Ace Ventura e menos Woody Allen, ler mais Ego e menos Piauí. A vida já é tão difícil, melhor dar uma relaxada e parar de se preocupar com imagem, curtir de tudo um pouquinho e deixar nego amar o Justin Bieber, idolatrar Los Hermanos, beijar cartaz do Molejo (eu, no caso) ou assistir o Faustão e a dança dos famosos no Domingo e o paredão no BBB, de terça. Gosto não se discute, né? E no final do dia, é só lembrar da última frase modinha que virou mantra para a humanidade: haters gonna hate.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Paranauê


Meu Deus, quanto tempo! Dá até prazer digitar sabendo que o produto final vem parar aqui! Saudades infinitas, Luis!

O contexto do momento é: cabô Cásper, começô vida. Ou seja, it sucks, baby! Há muito tempo estou trabalhando de casa, em um freela que salva os momentos de aperto. Sou como a Rapunzel presa na torre mais alta do castelo mais alto - ou seria essa a Fiona? De qualquer modo, o único príncipe que pode vir aqui me salvar é, sei lá, o porteiro, caso eu fique trancada no calabouço quarto.

Com o tempo em minhas mãos, comecei a ficar meio neurótica por não conseguir um trabalho há tantos e tantos meses - nove, pra ser vergonhosamente justa. E assim passo o dia fazendo milhares de teorias falhas sobre a comédia da vida desempregada. Quando o ano começou eu acreditava que ia ser "TOP NA BALADA", mas anda sendo uma coisa "SE ISSO É ESTAR NA PIOR... FODEU", estou na pior.

É como se a vida fosse essa roda enorme de capoeira e eu tô ali, com meu cordão amarelo, gingando para lá e para cá. Paranauê, paranauê, paraná. Vem o final da faculdade em dupla com a vida adulta, cordão branco, todo mundo batendo palma, e ela mete uma boca de calça - me puxa pelos pés e me derruba no chão. Paranauê, paranauê, paraná. Quando eu ainda me sinto tonta, mas ja recuperei o equilíbrio... vixe! Sai da frente! Desemprego sem dó no rabo-de-arraia. Pé na cara e queda dolorosa. Paranauê, paranauê, paraná.

E ninguém compra meu jogo, mestre! A roda da vida (que não é a roda viva) segue na bateria, no berimbau, pandeiro e atabaque. Podia ser show de Ivete, mas né? É paranauê, paranauê, paraná! O negócio é praticar e ganhar experiência - às vezes o jogo não é para machucar, mas pra ensinar mesmo. O golpe chega perto mas não atinge e você desequilibra, mas não cai. E um dia a roda abre para você, mestre! Chega no aú e faz seu show, e aí então você consegue a liberdade e felicidade desejada, e pode cantar que aqui você é feliz, paraná!

Paranauê, paranauê, paraná...


segunda-feira, 7 de maio de 2012

As boas filhas nunca saem de casa

Olá? Luís? Como você é? Eu esqueci!

Esqueci do blog, dos compromissos assumidos, dos copos sujos na pia e de uma velha tradição. O TCC acabou (tiramos 9,5 se é que interessa pra alguém), a gente se formou, colocou grau, dançou valsa e incrivelmente ninguém chorou. Passou tanto tempo que eu nem sei mais como escrever aqui. Aliás, até o sistema mudou. O século também virou?

Não sei se fico feliz ou triste de voltar aqui. Feliz porque arranjei tempo ou era meu último resquício de terapia? Feliz porque meu último post era sobre novelas horríveis na globo e todas estão abalando Bangu ou triste porque todas as minhas lamentações se agravaram?

Gente, incrível! Graças a deus tem grade na janela do trabalho e eu não durmo em beliche. Ta difícil viver a vida. Confere, Arnaldo? A culpa é minha? Não aguento mais trabalhar, me esquentar, requentar, fritar os meus neurônios. Beleza que eu dei adeus ao desemprego e olá para novos quilos. Algumas amizades foram cortadas com navalha, mas outras surgiram para um frescor. Mais o mais importante disso tudo, minha gente, é que as novelas da globo estão boas.

A vida tem conserto? Se pá eu sou de vidro.