sexta-feira, 1 de junho de 2012

Malandragem, dá um tempo!

Em minha primeira semana de aula na Cásper eu não sabia quem era Aloysio Biondi. Hoje eu sei. Na época fui duramente julgada por um colega por não saber quem era o falecido. E daí? No meu primeiro ano de faculdade eu achava a Veja uma revista normal, não do mal. As pessoas ao meu redor, na sala de aula, pareciam ser especialistas no assunto "jornalismo perverso de direita" enquanto eu curtia a seção de aspas. E daí? Eu sempre usei camisetas de times de futebol, sempre admirei o esporte, sempre torci muito pelo meu time e vi muito da história acontecer diante dos meus olhos, mas eu não sei a escalação da Seleção de 1970 de cor, nem lembro muitos dos resultados do Ajax da mesma década - e mesmo assim curtia jogar com os dois no FIFA. E daí?

Eu gosto muito de algumas músicas do Chico Buarque. Mas eu não gosto de Chico Buarque no geral. Não sou fã, não o acho galã e nem chamo de Chico. E daí? Gosto de Latino, quero muito tchu e muito tchá e não nego um lêlêlê e um pagodjé! Mas fui criada com João Bosco, Etta James, Marisa Monte, Nelson Gonçalves e muitos outros. E daí se eu acho a vida cruel demais para não fechar os olhos, bater no peito e gritar "só quero ouvir você dizer que sim!"? Eu sei que tem CPI, que tem abuso, crime, eu sei que tem problema econômico. Sei de tudo isso, e muito. Não é só porque eu sou jornalista que devo ser séria, preocupada, super sensata e consciente de tudo o tempo todo.

Não é porque nego não é cult ou porque é demais que o mundo vai acabar. O fato de eu curtir ver um tumblr em que um bulldog manda mensagens para o seu dono não faz de mim uma profissional ruim ou uma pessoa inferior. Era só o que me faltava. Se até Evaristo e Sandrinha fazem piada, eu não posso fazer? Nas últimas vezes que eu cheguei perto de conseguir um emprego, tive que ouvir que eu sou muito "legal" ou que tenho um "estilo" mais "despojado" para certos tipos de função. A princípio curti que as pessoas andavam sendo sinceras logo de cara, depois pensei que talvez isso fosse um toque do tipo "amiga, manda CV pro Comédia MTV" e até duvidei dos meus dotes jornalísticos. Mas aí eu pensei: e daí? Que volte o jornalismo gonzo, que aí não vai faltar emprego pra mim, e pra muitos outros como eu.

Tenho preguiça de falsa postura séria, decidida e hiper profissional. Me deixa fazer a minha piada, dançar meu tche tchererê tchetchê, assistir mais Ace Ventura e menos Woody Allen, ler mais Ego e menos Piauí. A vida já é tão difícil, melhor dar uma relaxada e parar de se preocupar com imagem, curtir de tudo um pouquinho e deixar nego amar o Justin Bieber, idolatrar Los Hermanos, beijar cartaz do Molejo (eu, no caso) ou assistir o Faustão e a dança dos famosos no Domingo e o paredão no BBB, de terça. Gosto não se discute, né? E no final do dia, é só lembrar da última frase modinha que virou mantra para a humanidade: haters gonna hate.

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