segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Eu e o Homem-Morcego


Inspirada pelos belos e justos escritos de Maria, acabei sendo tocada pela magia das coisas que vivem nos céus. E não, não me refiro ao Super-Homem, tampouco aos OVNIs que circundam nossa existência. Tô falando de pipa, marrecão! Taí um bagulho que marcou presença na minha infância e pré-adolescência. Eu tenho 4 primos, com quem cresci e aprendi muitas coisas - nenhuma delas foi útil de fato, mas sempre divertidas. Uma delas é empinar pipa. Embora não faça isso há anos, acho que é que nem andar de bicicleta.

Lembro de ir pra Mongaguá no verão, todos os anos, até meus doces 16 e só não via céu azul diariamente porque as pipas não deixavam. Era uma febre desgraçada, e nego correndo pra todo o lado o dia todo. Sério. Parecia arrastão em Copacabana, você via até marmanjo de 30 anos de idade dando rasteira em criancinha pra poder pegar a pipa que caía na casa da Dona Maria, na rua Novo México. A gangue do estirante não podia ver um "papagaio" - como diziam os mais velhos - caindo, sendo levado carinhosamente pelo vento para o lugar mais absurdo possível, que nego já gritava: "Tá na mão! Tá na mão!"

Um dia eu ganhei uma pipa, não sei de quem foi. Era especial, não porque era super bem colado, com as varetas mais retas do mundo, nem mesmo com uma rabiola muito chique (que nem a da foto - era bem mais da hora, preta, do mal). Na outra ponta da linha enrolada na minha lata de Nescau tava ele, o Cavaleiro das Trevas: Batman. Nunca fui uma menina muito tradicional, dessas que brinca de Barbie o dia todo, e crescendo no meio de moleque, não tinha muito mais o que fazer. Só sei que esse dia eu me senti a dona do mundo, não foi a primeira vez que eu empinei uma pipa, mas cara, ERA UMA PIPA DO BATMAN! É lógico que ela ia arrasar - e eu jurava que ela no céu ia acabar chamando ele pra mim. Sabe como é, né... sonhar não custa nada.

Dito e feito. Aquela beleza subiu, linda, absoluta no céu. E eu sozinha na rua onde eu nasci, surtando e falando comigo mesma. Fui dando linha porque eu queria que ela fosse mais longe do que qualquer outra, e também não tinha ninguém ali nem pra me cortar ou ser cortado. Era um momento só nosso, eu e Batman, Batman e eu. Tava meio nublado aquele dia e eu fiquei um bom tempo lá fora. Horas, eu acho. Não tinha muita sorte com coisas em linhas. Fiquei com trauma da vez que montei um para-quedas de barbante e saco de lixo, e usei um sapo como cobaia. Que Deus o tenha.

Esse dia eu fui punida pela minha ousadia. Queria tanto ver aquele morcego subir pra, tipo, dar um pescotapa num Ursinho Carinhoso sentado numa nuvem, que eu dei linha, dei linha, e mesmo sentindo o pipa na mão, teve uma hora que não vi mais. O cinza do céu cobriu a minha visão e eu não sabia mais onde ele tava. Comecei a recolher, e foi aí que eu percebi que tinha deixado ele solto demais. Foi embora, e eu nem dei tchau. Mesmo assim, até hoje e pra sempre, essa vai ser a história da pipa mais linda, que foi mais alto do que qualquer outra pode ter ido - ou irá. Tão alto que acabou ficando por lá talvez - como tantas outras coisas queridas. Tomei um relo do céu, do vento, sei lá do quê, e nunca mais vi meu Morcego.

Um comentário:

  1. MAIS UMA VEZ SHOW DE BOLA!!!
    COMO OS BALÕES, TAMBÉM AMAMOS OS PIPAS, HOJE SOLTAMOS PIPAS O ANO TODO NÃO SÓ NA EPOCA DAS FERIAS, E TEM MUITO MARMANJO QUE TEM MAIS DE 30 E VAI ATE 80 PODE ACREDITAR!!
    ESTA ARTE E COMO OS BALÕES, ENCHE OS OLHOS DE QUEM VE!!!
    LINDA HISTORIA MAIS UMA VEZ!!
    ACESSE: www.flogão.com.br/pipasrio , aproveita e navegue pelo outros blogs dos pipeiros!!
    Abraços
    Léo

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